segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Instituto Tecnológico de Aeronáutica-ITA


A Concepção                                                                                      
Casimiro Montenegro Filho nasceu em Fortaleza, Estado do Ceará, em 1904 e, para tornar-se piloto do Exército brasileiro, aos 19 anos de idade mudou-se para o Rio de Janeiro.
Quando tenente, ao fazer o voo inaugural entre as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, acabou por criar o Correio Aéreo Nacional, em 1931. Naquela época, os pilotos eram expostos às mais diversas e rigorosas condições de clima e temperatura, sendo obrigados a realizar aterrissagens forçadas em campos improvisados e a pilotar sem instrumentação.
Casimiro cruzou o país desbravando novas rotas para o Correio Aéreo Nacional, ligando o Rio de Janeiro aos mais distantes rincões do Brasil. Sua grande obra, porém, seria concluída anos mais tarde: a criação do ITA – Instituto Tecnológico de Aeronáutica.
Em 1941, resultante da união da aviação do Exército e da Marinha, foi formado o Ministério da Aeronáutica, cabendo a Casimiro a Subdiretoria Técnica da Aeronáutica. Assim, em 1943, viajou aos Estados Unidos com a incumbência de trazer um lote de aviões norte-americanos, tendo estendido sua visita para conhecer o MIT –Massachusets Institute of Technology. Casimiro retornou maravilhado com a ideia de criar um Instituto semelhante no Brasil, com o objetivo de formar engenheiros de excelência e desenvolver tecnologia aeronáutica.
No Brasil da década de 1940, um país essencialmente agrícola e com uma indústria mínima, incapaz de fabricar até bicicletas, o sonho de projetar e fabricar aviões parecia excêntrico aos olhos de muitos de seus companheiros. No entanto, com a ajuda do professor e chefe do Departamento de Engenharia Aeronáutica do MIT, Richard Harbert Smith, Casimiro desenvolveu as diretrizes desta nova instituição.
Assim, nos anos finais da década de 1940, Casimiro envolveu-se diretamente na construção de seu sonho, na cidade de São José dos Campos, Estado de São Paulo.
Em 1945, Casimiro fez uma apresentação a um grupo de oficiais do Estado Maior da Aeronáutica, no local que seria o futuro campus do ITA. Sobre o chão e seguro por pedras, expos uma carta aerofotogramétrica e, ora apontando para o papel, ora para o vasto descampado, disse o visionário: “Aqui construiremos o túnel aerodinâmico, mais à direita o laboratório de motores, ali a área residencial: casas e apartamentos para os professores, oficiais e pessoal da administração, alojamento para os alunos. Ali à esquerda, os edifícios escolares e laboratórios. Aqui será o futuro aeroporto. Esta área está reservada para a indústria aeronáutica. Tudo isto constituirá o Centro Técnico da Aeronáutica.
Ao se despedir da reunião, depois de lançar os olhos na planície totalmente vazia, gracejou o chefe do grupo, em total descrédito a Casimiro: “Até a vista, Júlio Verne”!
O futuro provou que a visão de Casimiro estava correta e seu sonho era possível. No início da década seguinte, o ITA tornou-se uma realidade. Surgiu, assim, uma escola de engenharia de alto nível no país, com instalações adequadas, professores experimentados, inicialmente trazidos do exterior e residindo no próprio campus, juntamente com os alunos. Ao redor do ITA formou-se o DCTA (Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial), um complexo de pesquisa e desenvolvimento na área aeroespacial.
Na sequência, em 1969, quando o avião para linhas regionais Bandeirante havia tomado forma, foi criada no mesmo campus a empresa EMBRAER, atualmente a terceira maior fabricante mundial de aviões.

Construção do ITA                                                                             
Em maio de 1945, o Tenente-Coronel Miguel Lampert, Chefe da Comissão de Compras do Ministério da Aeronáutica em Washington, trouxe para o Brasil o professor Richard H. Smith. Licenciado pelo MIT (Massachusets Institute of Technology), tal educador fez inúmeras viagens e levantamentos para fomentar a criação de uma escola superior de aeronáutica, o ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), juntamente com o precursor da idéia, o Coronel-Aviador Casimiro Montenegro Filho.
Posteriormente, Casimiro Montenegro Filho fez-se Marechal-do-Ar, alcançando a mais alta patente na hierarquia da Força Aérea Brasileira.
Em meados de agosto de 1945, havia sido completado o "Plano de Criação do Centro Técnico de Aeronáutica" (CTA), mais conhecido como "Plano Smith". Em 26 de setembro de 1945, numa conferência realizada no Ministério da Educação, a convite do Instituto Brasileiro de Aeronáutica, tendo por título "Brasil - futura potência aérea" o Prof. Smith esclareceu a necessidade da criação do ITA e do CTA para evitar que o Brasil se tornasse continuamente dependente de países estrangeiros e, então, pudesse adequar o transporte aéreo à sua realidade.
Em 29 de janeiro de 1946, o Ministro da Aeronáutica cria a Comissão de Organização do Centro Técnico de Aeronáutica (COCTA), extinta em 31 de dezembro de 1953, uma vez considerado organizado o referido Centro. Em 1º de julho de 1947 o Prefeito Sanitário de São José dos Campos, Jorge Zarur, disponibiliza ao Ministério da Aeronáutica os terrenos necessário para que fossem iniciadas as obras de construção do CTA. Para projetar os prédios do Instituto, é chamado o renomado arquiteto Oscar Niemeyer.
Assim, o ITA, criado pelo Decreto nº 27.695, de 16/01/50 e definido pela Lei nº 2.165, de 05/01/1954 foi a primeira unidade a se estabelecer no CTA. O ITA já vinha funcionando virtualmente na sede da Escola Técnica do Exército (hoje, Instituto Militar de Engenharia - IME) no Rio de Janeiro - daí justificando diplomar a sua primeira turma de engenheiros ao final do ano letivo de 1950.
Do corpo docente pioneiro fizeram parte professores norte-americanos ou radicados nos Estados Unidos da América, trazidos ao Brasil pelas mãos do professor Smith. Entre eles, Francis Dominic Murnaghan, autoridade mundial em Matemática, Theodore Theodorsen, mundialmente conhecido no campo da Aerodinâmica, Charles Ingran Stanton, F. C. Philips, J. Younger , R.N. DuBois e T. V. Jones.
Em 1950, chegava da Alemanha Heinrich Peters, que chefiaria o Departamento de Mecânica do ITA, onde trabalhariam outros professores alemães, como R. M. Otto Weinbaum e W. Kotenberg. Professores de outras nacionalidades trabalharam no ITA, como o chinês Kwei Lien Feng, sendo que houve um tempo em que o ITA chegou a reunir professores de 16 nacionalidades diferentes.
Para trabalhar com os professores estrangeiros dos anos iniciais e substituí-los ao longo do tempo, o Ministério da Aeronáutica passou a contratar professores brasileiros.

Criação dos concursos                                                             
O Curso de Engenharia Aeronáutica foi, de fato, criado em 1939, para ser ministrado na então Escola Técnica do Exército (ETE, no Rio de Janeiro, atual Instituto Militar de Engenharia, IME). Foi nesse curso que Casimiro Montenegro Filho formou-se Engenheiro Aeronáutico. Em 1947 os Diplomas de Engenheiro Aeronáutico passaram a ser registrados no então Ministério da Aeronáutica, MAER, e foram contratados os primeiros professores em nome do ITA, com o curso ainda ministrado na ETE. Em 1950 os Cursos de Preparação e Formação de Engenheiros de Aeronáutica foram transformados nos Cursos Fundamental e Profissional e o ITA foi instalado no então Centro Técnico de Aeronáutica (CTA), em São José dos Campos, SP (hoje Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial, DCTA).
Em 1951 foi implantado o curso de Engenharia Eletrônica; em 1962 o curso de Engenharia Mecânica (transformado em Engenharia Mecânica-Aeronáutica em 1975); em 1975 o curso de Engenharia de Infra-Estrutura Aeronáutica (transformado em Engenharia Civil-Aeronáutica em 2006); em 1989, o curso de Engenharia de Computação e, em 2010, o curso de Engenharia Aeroespacial.
Em contraposição ao sistema de cátedras comum nas universidades brasileiras na época da sua fundação, o ITA adotou uma estrutura acadêmica departamental. Este modelo influenciou a nova orientação do ensino superior brasileiro através da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira de 1961, e teve reflexos inegáveis na composição do novo currículo mínimo do curso de engenharia aprovado em 1976 pelo Conselho Federal de Educação.
O início dos cursos de pós-graduação oferecidos pelo ITA, em 1961, marcou não apenas a implantação, no Brasil, da pós-graduação em Engenharia, como introduziu o modelo de Mestrado que viria a ser adotado por outras instituições, sejam de Engenharia ou de outras áreas do conhecimento. As primeiras Teses de Mestrado foram defendidas em 10/01/1963 na área de Física e, em 22/01/1963, na área de Engenharia Eletrônica. A primeira Tese de Doutorado foi defendida em 17/11/1970.
Atualmente existem os programas de Pós-Graduação em Engenharia Aeronáutica e Mecânica (PG-EAM), Engenharia Eletrônica e Computação (PG-EEC), Física (PG-FIS), Engenharia de Infra-Estrutura Aeronáutica (PG-EIA) e Ciências e Tecnologias Aeroespacias (PG-CTE).
Agora o instituto, que até 2013 admitia apenas 120 alunos no seu vestibular, pretende duplicar o número de alunos na graduação e qualificar ainda mais a sua pós-graduação e pesquisa. No vestibular 2014 foram oferecidas 170 vagas.

Informações gerais                                                                   
O Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) é uma instituição universitária pública ligada ao Comando da Aeronáutica (COMAER). Está localizado no Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), na cidade paulista de São José dos Campos. Especializado nas áreas de ciência e tecnologia no Setor Aeroespacial, o ITA oferece cursos de:
  • graduação em Engenharia
  • pós-graduação stricto sensu em nível de Mestrado, Mestrado Profissional e Doutorado
  • pós-graduação lato sensu de especialização e de extensão.
  • Criado em 1950, por inspiração do Marechal Casimiro Montenegro Filho e intensa cooperação internacional, o ITA é considerado um centro de referência no ensino de engenharia no Brasil.

     

    Cursos de Graduação

    Os alunos de graduação recebem ensino e alimentação gratuitos ao longo dos cinco anos de curso, além de moradia a baixo custo dentro do próprio campus. O ITA oferece 6 cursos de graduação:
    • Engenharia Aeronáutica
    • Engenharia Eletrônica
    • Engenharia Mecânica-Aeronáutica
    • Engenharia Civil-Aeronáutica
    • Engenharia de Computação
    • Engenharia Aeroespacial

    Cursos de Pós-graduação

    O ITA oferece cursos de Mestrado e Doutorado por meio de cinco programas de pós-graduação, subdivididos em 22 áreas de concentração:
    Engenharia Aeronáutica e Mecânica
    • EAM-A - Aerodinâmica, Propulsão e Energia
    • EAM-E - Mecânica dos Sólidos e Estruturas
    • EAM-M - Materiais e Proc. de Fabricação
    • EAM-P - Produção
    • EAM-S - Sist. Aeroespaciais e Mecatrônica
    • EAM-V - Mecânica de Vôo
    Ciências e Tecnologias Espaciais
    • CTE-F - Física e Matemática Aplicadas
    • CTE-P - Propulsão Espacial e Hipersônica
    • CTE-Q - Química dos materiais
    • CTE-S - Sensores e Atuadores Espaciais
    • CTE-E - Sistemas Espaciais, Ensaios e Lançamentos
    Engenharia Eletrônica e de Computação
    • EEC-D - Dispositivos e Sistemas Eletrônicos
    • EEC-I - Informática
    • EEC-M - Microondas e Optoeletrônica
    • EEC-S - Sistemas e Controle
    • EEC-T – Telecomunicações
    Física
    • FIS-A - Física Atômica e Molecular
    • FIS-C - Dinâmica Não-linear e Sistemas Complexos
    • FIS-N - Física Nuclear
    • FIS-P - Física de Plasmas
    Engenharia de Infraestrutura Aeronáutica
    • EIA-I - Infra-Estrutura Aeroportuária
    • EIA-T- Transporte Aéreo e Aeroportos
    O ITA também oferece o Mestrado Profissional, um curso de pós-graduação stricto sensu em parceria com empresas, e cursos de pós-graduação lato sensu dependendo das demandas das Forças Armadas e do mercado. Boa parte dos estudantes de Mestrado, Mestrado Profissional e Doutorado recebem bolsas de estudo de agências de fomento ou empresas.

    Missão e Legislação

    O ITA foi criado pelo Decreto no 27.695, de 16 de janeiro de 1950 e definido pela Lei nº 2.165, de 05 de janeiro de 1954, com a seguinte missão:
  • Ministrar o ensino e a educação necessários à formação de profissionais de nível superior, nas especializações de interesse do campo Aeroespacial, em geral, e do Comando da Aeronáutica, em particular;
  • Manter atividades de graduação, de pós-graduação stricto sensu, de pós-graduação lato sensu e de extensão;
  • Promover, através da educação, do ensino e da pesquisa, o progresso das ciências e das tecnologias relacionadas com as atividades aeroespaciais.​
O ITA é um órgão integrante da Administração Federal Direta, como Instituição Federal de Ensino Superior (IFES), sob a jurisdição do Comando da Aeronáutica (COMAER), e, portanto, do Ministério da Defesa (MD). Relaciona-se com Ministério da Educação (MEC) nos assuntos de natureza geral de educação, pois as disposições legais previstas na legislação educacional e de magistério diretamente dirigidas ao MEC são extensivas ao ITA, no que couber. Mais detalhes sobre a constituição legal da instituição podem ser obtidos no Regulamento e Regimento do ITA.
Veja o vídeo.



Nenhum comentário:

Postar um comentário